domingo, 26 de setembro de 2021

A LIÇÃO 5 - O mistério dos Baobás

 

A LIÇÃO 5  - O mistério dos Baobás



A pergunta que nosso pequeno herói faz, logo no comecinho deste capitulo, se os carneirinhos são capazes de comer arbustos não é nada banal e terá dramáticos desdobramentos no importante capítulo 7, e podemos deixar esta parte da discussão para este segundo momento por ora, e mergulhemos no muito misterioso tema deste capítulo que são os famosos baobás do Pequeno Príncipe. Este foi um capítulo muito custoso de extrair significados, muito pelo fato de que ele contém três possíveis mensagens embutidas, sendo duas delas mais evidentes e a outra deveras oculta, cujo significado só é possível de ser extraído se lembrarmos do lado ativista de Antoine e do contexto político-ideológico no qual ele viveu, e o final, faleceu....

 

Além disso, não há dúvidas de que os baobás do nosso pequenino são vilões, seres que podem destruir seu pequeno mundo, e este fato torna tudo ainda mais difícil, afinal, onde quer que se pesquise os Baobás são, como deveriam mesmo ser, Árvores sagradas por conta de seu simbolismo natural. Nativas do deserto, árvores belas, centenárias e enormes, que armazenam água na regiões onde elas se faz mais necessária, são resistentes ao fogo, possuem frutos, são cruciais para a vida dos animais  que vivem nessas regiões áridas, oferecendo não apenas a água mas também o alimento e o abrigo. Essas são algumas das virtudes naturais desta árvore, e além disso, apenas para traçar outro paralelo, no sistema de florais australiano se prepara uma importante essência de cura que aproveita exatamente este poder dela para ajudar as pessoas que estão presas a padrões familiares destrutivos ou de auto sabotagem.

 

Enfim, é uma árvore muito especial, e sendo assim,  por que então Antoine lhe atribuiu tão nefasto significado?!

Certamente ele conhecia tudo isso e sabia dos significados. Profundo conhecedor do continente africano, por conta de suas viagens, certamente deve ter travado contato com algumas das lendas que envolvem esta árvore pelos povos nativos de lá. Dentre as muitas lendas, há algumas que associam a árvore com a soberba e o egoísmo, o que é compreensível, não apenas pelo tamanho como também pela aparência estranha e diminuta de suas copas. Esta provavelmente é a inspiração para o autor ao meu ver, o que ficará ainda mais claro ao destrincharmos aquele que parece ser o significado mais evidente deste capítulo: uma crítica à indolência e ao egoísmo…



"É uma questão de disciplina, me disse mais tarde o principezinho. Quando a gente acaba a toalete da manhã, começa a fazer com cuidado a toalete do planeta. É preciso que a gente se conforme em arrancar regularmente os baobás logo que se distinguem das roseiras, com as quais muito se parecem quando pequenos. É um trabalho sem graça, mas de fácil execução."

 

A metáfora da jardinagem e o trabalho com a terra que o Pequeno Príncipe cita diretamente nesta capitulo são coisas que já possuem em si mesmas um significado especial, um simbolismo inerente e totalmente relacionado ao tema do cultivo do Amor e do cuidado de que fala todo o livro. A arte da jardinagem é uma arte de cuidar, de cultivar o belo, de preservar o bom e extrair o nefasto...É um trabalho que exige disciplina, rotina, atenção, esforço físico, contato com a terra, e é por isso, muito enobrecedor. O trabalhador da terra, o campesino, o jardineiro, foram tradicionalmente consideradas nobres profissões (ainda mais na França) apesar da sua humildade, ou talvez, justamente por ela. Aliás esta menção que Antoine faz do cuidar da terra em todo este capitulo 5, nos remete uma das suas citações mais famosas, de um outro livro seu que também é uma obra prima chamado Terra dos Homens, onde ele magistralmente diz:

“Mais coisas sobre nós mesmos nos ensina a terra que todos os livros. Porque nos oferece resistência. Ao se medir com um obstáculo o homem aprende a se conhecer; para superá-lo, entretanto, ele precisa de ferramenta. Uma plaina, uma charrua. O camponês, em sua labuta, vai arrancando lentamente alguns segredos à natureza; e a verdade que ele tem é universal.”

 

Além disso, quem leu seus livros sabe que a terra, a areia e a vastidão do deserto sempre aparecem em seus escritos, uma metáfora da vastidão do nosso espírito, como eu já mencionei aqui na página numa das primeiras lições...






Mas voltando a este capítulo, poderíamos então ver este chamado ao trabalho diário com a terra uma mensagem de coragem para encaramos de frente nossos pequenos problemas cotidianos, arrancando o mal pela raíz “...enquanto são pequenos…”, colocando a mão na terra, um dia de cada vez, com uma pequena mas esforçada dose de trabalho diário poderemos preservar nossa terra (nossa mente, nosso coração), e assim podemos pensar talvez em cultivar um bom hábito de saude, promover uma boa mudança em nosso cotidiano, cuidar e manter aquilo que nos sustenta, nosso corpo, nossas relações, ou, no caso do principezinho, nosso planeta.


E aliás, aqui vem uma das mensagens mais poderosas do livro ao meu ver, ainda mais se pensarmos em nossos dias atuais, que é uma mensagem visionária de quase um século atrás, em favor da ecologia que se faz tão necessária e  que Antoine nos traz na seguinte frase extraída do trecho acima

 

…."Quando a gente acaba a toalete da manhã, começa a fazer com cuidado a toalete do planeta...."



No dicionário de língua portuguesa, fazer a toalete tem significado idêntico ao original do Francês, e significa não apenas a higiene corporal, e sim, todo o cuidado ao corpo de se lavar, se embelezar, se vestir, se arrumar. Fazer a toalete do planeta, neste sentido, ganha então um significado profundo do cuidar, embelezar e preservar a natureza, como já dissemos acima. Mas ainda que nos referirmos apenas ao significado de higiene para a palavra toalete, isso em termos ecológicos já seria muito.

Se apenas a higiene do nosso planeta, somente isso, fosse melhor cuidada, ao menos a poluição ambiental e o descarte de lixo já seriam melhor endereçadas. Ou seja, já seria algo imenso, para não falar das outras questões como preservação da fauna, do aquecimento global etc. Em suma, a mensagem inicial desta passagem é a atenção com nosso amanhã a partir dos cuidados com nosso hoje. 

 


Dito isso destrinchamos as primeiras duas das três mensagens deste capítulo, que são o elogio ao trabalho de autocuidado e o a atenção para com o planeta, mas lá no primeiro parágrafo eu dissera que havia um terceiro significado mais oculto por assim dizer, significado este que finalmente nos dá a chave para entender afinal porque para Antoine os Baobás são vilões.

 

Árvores grandes, relativamente feias, que parecem sugar todos os nutrientes para si, e que se não forem arrancadas pela raiz destroem todo o planeta com seu egoísmo, são na verdade uma metáfora para algo muito terrível que assolava o mundo na época que o livro foi escrito, o Nazi-fascismo.  Esta é, aliás, uma metáfora que é lembrada por outros comentadores da obra ao redor do mundo (veja por exemplo o link abaixo do jornal New York Times). Antes que se condene esta analogia como forçada e militante, vale lembrar que Antoine era ele mesmo um militante antifascista e deu tanta importância a lutar contra o nazismo que ao final ele deu a vida por isso, sendo morto em combate durante a II guerra mundial!


E mais, se aceitarmos essa imagem ainda que por um momento, e com ela olharmos novamente para este trecho destacado veremos que faz muito sentido:

Com efeito, no planeta do principezinho havia, como em todos os outros planetas, ervas boas e más. Por conseguinte, sementes boas, de ervas boas; sementes más, de ervas más. Mas as sementes são invisíveis. Elas dormem no segredo da terra até que uma cisme de despertar. Então ela espreguiça, e lança timidamente para o sol um inofensivo galinho. Se é de roseira ou rabanete, podemos deixar que cresça à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido. Ora, havia sementes terríveis no planeta do principezinho: as sementes de baobá ... O solo do planeta estava infestado. E um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele. Atravanca todo o planeta. Perfura-o com suas raízes.



As últimas frases deste parágrafos de modo muito especial refletem sua preocupação com os acontecimentos da época em que o livro estava sendo escrito, por volta de 1940, e ao se substituir o baobás pelo  nazifascismo todo o capítulo adquire um novo significado. O pensamento fascista na sociedade deve ser arrancado pela raiz, e se deixarmos as sementes do pensamento totalitário florescerem, a história nos mostra que o resultado é desastroso para todos. Este foi um erro cometido pelos contemporâneos de Antoine, e este é um erro que não devemos cometer hoje, destacando que aqui no Brasil o movimento neo-nazista tem tido crescimento recordes nos últimos anos, como noticiou outro dia a Folha de São Paulo.


Após anos de pesquisas em torno do simbolismo deste misterioso capítulo, esta foi de longe a metáfora que mais fez sentido para mim, ainda mais pela sua intensa atualidade.


Sendo este provavelmente o mais político dos capítulos do livro, ele nos deixa, ainda que sutilmente, lições importantes para a nossa geração e para os dias atuais , onde vivemos literalmente uma contagem regressiva para evitar o apocalipse climático, e infelizmente também é muito atual no que se refere ao combate ao fascismo, algo que vemos hoje em toda parte com a crise da democracia liberal mundo afora, e de modo muito especial no Brasil de 2016 até hoje....
Para encerrar, uma curiosidade: há quem acredite seriamente que os Baobás do Pequeno Príncipe tem raiz brasileira! Antoine teria se inspirado ao visitar o nordeste brasileiro na década de 20 do século passado. A este respeito veja as matérias abaixo 

***Por Daniel Jaoude

contato danieljaoude@gmail.com

 

https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2018/09/21/no-dia-da-arvore-conheca-a-historia-de-um-baoba-em-natal-que-pode-ter-inspirado-autor-de-o-pequeno-principe.ghtml

 

https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/2019/08/o-baoba-e-o-pequeno-principe.html

Link para a matéria citada no texto,  do NYT:


https://www.nytimes.com/1993/09/19/books/arts-artifacts-a-charming-prince-turns-50-his-luster-intact.html?pagewanted=2&src=pm

 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

LIÇÃO 4 - TEXTO COMPLETO



Queridos leitores,  para aqueles que desejam ler tudo de uma vez, segue abaixo a versão integral da nossa Lição 4 que foi publicada em posts separados dias atrás. Se gostaram desta lição por favor compartilhem com seus amigos e nos deixem um comentário! ;)

 

INTRODUÇÃO:

Com muita alegria retomamos nossas lições aqui na página, e antes de mais nada gostaria de agradecer a cada um de vocês que curtem e seguem nossa página e nosso blog, enviando comentários e emails! 

Foi isso principalmente, que nos motivou a voltar a publicar logo! Na última vez que postamos, 3 anos atrás, tínhamos cerca de 200 seguidores, algo que já era motivo de grande honra para mim, e de lá pra cá fiquei muito surpreendido de ver a página ganhar mas de dez vezes mais curtidas e o nosso blog bater a marca de 65 mil acessos, com apenas 3 lições publicadas até agora!Estou falando isso não por orgulho próprio nem nada disso, e sim para dizer que  foi essa movimentação incessante de cada um de vocês  que finalmente me trouxe de volta a publicar hoje! 

Me fez perceber que este trabalho que antes era apenas uma forma pessoal de expressar minha gratidão a ao autor, fazia também sentido pra muitas outras pessoas que sentiam falta das novas lições. Apesar da demora que se deu por conta de afazeres profissionais, nunca pensei em parar as lições e nos últimos anos segui pensando nelas sempre que podia, imaginando como seriam os outros capítulos, e aproveitei também para ler outras obras do Antoine e pesquisar mais de sua biografia. 

Desde o começo decidi fazer desta homenagem um trabalho muito inspirado, ou seja, eu só publicaria quando realmente me sentisse conectado ao que julgo ser o espírito da obra, algo que demorou pra voltar a ocorrer, e apesar do fato da primeira versão do capitulo 4 estar pronta desde 2018,  eu só terminei este capitulo neste ano. A minha ideia inicial era publicar pelos menos 3 novas lições juntas para assim dar mais material a vocês lerem, mas como a Lição 4 ficou bem grande e pude dividi-la em 3 partes, decidi antecipá-la logo. Já estou trabalhando na Lição 5 também, e espero poder trazê-la aqui pra vocês dentro de algumas poucas semanas. 

Antes de terminar, é importante destacar que terminei de escrever a primeira parte desta 4ª lição quando a pandemia estava no auge aqui no Brasil e por isso, os temas que mencionei ali, como os trabalhadores essenciais, o isolamento total com a proibição de frequentar lugares públicos etc,  já poderão soar datados para alguns leitores a esta altura. 

Mas mesmo assim decidi não editar aqueles trechos por dois motivos principais: um porque a questão de valorizar quem atuou na linha de frente da covid deveria ficar para sempre em nossas memórias, e segundo, para homenagear aqueles de nós que apesar de assistirem todos ao redor relaxando a quarentena, se divertindo e lotando as praias e baladas, seguem ainda em isolamento voluntário por amor e respeito ao próximo, e que com muito sacrifício, seguem afastados e com saudade daqueles lugares  e pessoas que lhe são caros. 

Se você é uma dessas raras pessoas que seguem valorizando a empatia e a responsabilidade acima da diversão, saiba que, com gratidão, lhe dedico este novo capítulo! ;)






Parte 1: 

DAS ORIGENS, DOS NÚMEROS E DAQUILO QUE REALMENTE IMPORTA NA VIDA…

Uma importante questão que abre este capítulo e que já tinha sido apresentada no capítulo precedente do livro, diz respeito a uma importante característica do principezinho: Ele é um extraterrestre!

Isso poderia ter muitos significados, mas eu gosto de pensar em dois em especial: o fato de que a pureza, a doçura e a inocência do pequeno príncipe são algo literalmente de outro mundo, algo raro, sutil, que não se vê por aí... Seu jeito especial, sua graça e sensibilidade, são tão raras em nosso mundo que não restou alternativa ao autor que não a de colocar sua origem em outras esferas....

O segundo significado, que já tinha sido esboçado na análise dos primeiros capítulos, é a hipótese de ser o pequeno príncipe um reflexo, ou uma projeção da Alma e psique de Antoine de Saint-Exupéry, e que ele magistralmente personificou no principezinho. 

E assim, o fato dele ser um extraterrestre poderia ser melhor entendido se lembrarmos algo que o grande psicólogo suíço C.G. Jung dizia a respeito da aparição de óvnis e casos semelhantes. Para Jung, essas aparições e as questões relacionadas eram possivelmente uma manifestação profunda do inconsciente coletivo, que diante de uma realidade difícil, projetava no céu figuras circulares, esféricas e ordeiras, que transmitiriam mensagem de uma “ordem superior”. 

Tal como a improvável e repentina aparição de nosso principezinho no meio do deserto do Saara, essas aparições espetaculares de extraterrestres no céu, segundo Jung, refletem a mentalidade daqueles que as observaram, a sua busca por ordem e sentido naquela fase de suas vidas. O príncipe, e sua candura, seriam o retrato anímico daquela fase da vida de Antoine... 

Agora falando diretamente sobre o enredo deste quarto capítulo, o autor de forma bastante incisiva renova suas críticas aos padrões ocidentais, e talvez de um modo mais francamente sociológico.

Ao narrar como o asteróide de origem do pequeno príncipe foi descoberto por um astrônomo turco, ele enfatiza o fato de que ele recebeu nenhum crédito por sua descoberta apenas por causa das roupas típicas que usava! E que ao trocar suas roupas por outras à moda ocidental, graças à interferência de um ditador turco que obrigou as pessoas a abandonarem suas roupas de origem para copiarem europeus (outra crítica velada, mas incisiva ao colonialismo europeu) finalmente foi levado à sério em sua descoberta: “As pessoas grandes são assim” diz o autor no livro...E veja que estamos falando de uma crítica à ostentação ocidental feita ainda nos começos do século passado, quando nem mesmo se sonhava com o mundo da ostentação máxima em redes sociais, instagram, facebook, etc...

Reforçando ainda mais essas críticas, Logo em seguida, Antoine faz uma nova crítica social que ainda permanece atual hoje em dia, ao nosso materialismo e apego a superficialidade, algo que segundo ele se traduz pelo nosso amor aos números:  

“As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que coleciona borboletas?" Mas perguntam: "Qual é sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?" Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado..." elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!"

E por falar em números, se voltarmos ao exemplo da ostentação nas redes sociais, hoje em dia uma pessoa se torna celebridade pelo número de seguidores que ela tem nestas redes. Falamos então que esta pessoa se tornou uma “influencer” pois tem milhares de seguidores no instagram, e isso virou até manchete: "A atriz tal, que é namorada de jogador tal, atingiu a marca de tantos milhões de seguidores!” E essa notícia vira então destaque! Uau, ela tem milhões de seguidores, deve ser alguém importante né??

E assim vai… Não há nada de intrinsecamente errado nisso, não acredito que Antoine fazia um julgamento moral quando falou dos números e da casa, no trecho acima. E tampouco nós aqui criticamos "influencer" e as pessoas que gostam deles.

É uma realidade atual, e se isso ocorre assim é porque é deste modo que se distribuem os afetos atuais, e é essa distribuição de afetos esquisita, essa valorização do que talvez não merecesse tanto valor, que se critica aqui e no livro, e não as pessoas: por que nós valorizamos números e atributos objetivos como beleza e posses e não atributos subjetivos como a generosidade, o altruísmo, o jeito de ser? Por que damos destaque à roupa ou ao novo carro da celebridade e não aplaudimos o bombeiro que salva as florestas das chamas, ou o gari que sob sol, chuva (e pandemia) trabalha para deixar nossas ruas limpas? Quem são essas celebridades anônimas? Quantos seguidores elas têm?

Como falei acima na postagem de introdução deste capítulo, foi uma coincidência oportuna este capítulo estar sendo publicado durante a pandemia, pois a crítica ao mesmo sutil e cáustica de Antoine soa muito atual, algo que ficará ainda mais destacado no próximo capítulo.

Pois somente agora, que nos vemos diante de uma pandemia, quando o planeta nos obriga na marra a valorizarmos aquilo que é essencial. Só agora, quando fomos obrigados, enxergamos e valorizamos aquilo que se considera serviço essencial: Enfermeiros, médicos, entregadores, motoristas, frentistas, veterinários, faxineiros, porteiros, e muitos e muitos outros profissionais, que hoje estão ali na linha de frente, literalmente arriscando suas vidas para NOS SERVIR, de maneira abnegada e corajosa, e que somente agora aprendemos a dar o devido valor: foi necessária uma pandemia global para descobrirmos que os milhões pagos ao jogador de futebol não têm o mesmo valor real que o trabalho de um enfermeiro, que recebe poucas centenas de reais…

Não precisamos nos alongar mais nesta reflexão, pois acho que a mensagem aqui já ficou bem clara, e como falamos, a realidade está se impondo…

Para finalizar esta 1ª parte, não deixa der ser incrível notar que uma das mais famosas frases do pequeno príncipe trata exatamente deste tema da essencialidade (frase esta que será objeto de um profundo estudo mais adiante quando chegarmos no seu capítulo próprio). Extrapolando propositadamente o significado original que Antoine deu à frase, mas sendo fiel a sua crítica social já que no trecho acima ele também fala do essencial, podemos nos adiantar um pouco na análise desta famosa frase e pensar se O ESSENCIAL QUE É INVISÍVEL AOS OLHOS não se aplica também àquilo que nós não sabemos valorizar devidamente.

Quais pessoas, quais profissões, quais lugares que antes eram invisíveis para nós agora, por causa da pandemia e seus perigos, não readquiriram significados? Quais lugares que antes não valorizamos e que deixamos se tornarem invisíveis pelo hábito ou por qualquer outro motivo, que agora, por conta quarentena readquiriram tanto valor? 

Para exemplificar rapidamente, a praia, este lugar comum e banalizado do Brasil nunca foi tão ardentemente desejado, nunca sentimos tanta falta do mar, que apesar de estar tão perto para alguns, nunca esteve tão longe agora, que somos proibidos de chegar perto dele… Claro que o mesmo vale para outros lugares onde as restrições da pandemia nos impediram de ir... Quais parques, lagoas, bibliotecas, lojas, que antes você, pelo hábito ou comodismo achava que estariam ali para sempre te esperando agora você não poderá mais vê-los?

Será que estes lugares então invisíveis pelo tédio agora serão vistos com novos olhos renovados pela ausência e saudades?



PARTE 2:

SERÁ QUE ESCUTAREMOS A SUA RISADA?

No final da primeira parte postada na quinta, falamos brevemente sobre como a pandemia fez a gente refletir sobre o essencial que é invisível aos aos olhos, e retomando o assunto, questionamos:

E as pessoas essenciais que eram invisíveis? Quais destes invisíveis, no sentido de ignorados por nós, agora são de extremo valor? Afinal, são Aqueles trabalhadores mais humildes, ditos invisíveis, são justamente aqueles que nos mantém vivos hoje em dia…

Agora que temos o perigo real de perdermos alguém muito querido por nós, para doença, será que lhe daremos mais valor?

Deixaremos de prestar atenção e darmos curtidas vazias para a celebridade da internet e passamos a valorizar aquela pessoa que está aqui, agora mesmo, do nosso lado? Percebemos finalmente que não importa a quantidades de curtidas ou de seguidores se a elas nós não cativarmos? (a famosa frase do livro, “cativa-me”…)

Afinal, quantos “seguidores” tinha o Pequeno Príncipe? Apenas um, a raposa, ou talvez dois, se contarmos o próprio Antoine… Afinal, o pequeno príncipe nos ensina que mais vale um único “seguidor” cativo do que milhões de falsos amigos, que apenas se reduzem a números estéreis seguidos da letra K (fulano tem 50k de amigos e seguidores)… É óbvio: A pergunta não é quantos são seus amigos, e sim: quantos você realmente cativou, criou laços de coração?

Quantos você atingiu a alma?

Quantos deles são dignos da frase, “… serei para ti a única no mundo, e tú serás para mim o único no mundo…"

Vou para por aqui, pois este trecho é tema de outro capítulo do livro, e será provavelmente o mais importante de nossas lições, pois como já falei em outros lugares, esta parte do livro que envolve as relações de afeto do pequeno príncipe será tratada com destaque mas no momento oportuno. Mas como o tema da essencialidade e da amizade é o fio condutor de toda obra, estamos sempre esbarrando com ele de uma ou outra maneira… Mas por ora, voltemos ao capítulo 4:

“A prova de que o principezinho existia é que ele era encantador, que ele ria, e que ele queria um carneiro…

Aqui, somo ainda apresentados a uma frase curtíssima mas cheia de significados quase metafísicos. Antoine diz que a maior prova de que o príncipe existia era que “ele ria…” ah, que belo! É Tão pungente a beleza deste trecho que tenho dificuldades para traduzir os significados que vejo nele! Ele existia apenas porque RIA! Antoine aqui nos brinda com uma pérola filosófica, ao nos induzir despropositadamente ao fato de que é o riso, e portanto, a alegria, o marco da nossa existência! Só existe porque ri! Só vive porque está alegre! E ao contrário, Se não ri, não vive, aquele que só lamúrias alimenta, já não existe, e sim vegeta…

Portanto, agora reveja seus afetos, refunde seus amores, resgate suas relações, olhe para quem está perto, valorize quem sempre esteve ali do seu lado, que viu sua luz mesmo quando você estava em profunda escuridão, ou ainda resgate o amor com aqueles que ausentes a mostraram como lhe fazem falta, valorize as risadas daqueles que você ama e daqueles que lhe amam…

Num momento triste como estes de pandemia e milhares de famílias separadas pela morte, perceba como você é sortudo, realmente abençoado, de estar aí presenciando as gargalhadas daqueles que você ama, e é naquele momento sagrado, onde seu riso, sua alegria, que ela lhe indica, magicamente, como é bom existir, ESTAR VIVO, e VIVER AO SEU LADO… Portanto, seja grato pela vida, e repetindo o trecho mais bonito deste capitulo 4 do livro, será que daremos valor a voz desta pessoa que está hoje ao nosso lado? Valorizaremos seu toque, seu cheiro? Seu abraço, sua presença?

“Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que coleciona borboletas?"

A PAIXÃO DE VIVER…

E ele queria um carneiro:

“… Quando alguém quer um carneiro, é porque existe”…

Da alegria e do riso se extrai por consequência evidente o desejo: se estamos alegres, joviais e risonhos nós estamos vivos, se estamos vivos é porque desejamos… De Platão a Jung, passando por Nietzsche e Freud, a relação direta entre desejar e estar vivo já foi descrita em verso e prosa e não há necessidade de nós também irmos nessa direção. Basta dizer que o desejo, o querer, é este ‘pathos’, que mobiliza a existência.

O contrário destes “pathos” é o apathos, ou apatia, o estado de desalento onde não nos sentimos vivos, de nada rimos e portanto nada mais desejamos… Como qualquer criança, o nosso pequeno príncipe era encantador, era, alegre, ria, e tinha desejos urgentes que tinha que ser satisfeitos imediatamente, caso contrário sua vida parava até consegui-lo: “Me desenhe um carneiro!”

Então, se em nossa vida de gente grande já não encontramos alegria e riso, e portanto perdemos o rumo de nossa existência, talvez caiba perguntar a nossa criança interior qual desejo urgente que lhe foi negado, o que lhe falta neste instante?

Onde se perdeu aquela coisa apaixonada que você ansiava instantaneamente para se sentir vivo e alegre, como uma criança?

Quem lhe negou o desenho do seu carneiro?

A quem você pode pedi-lo hoje?





Parte 3: 

O deslumbre no olhar e a essência da arte

Ainda sobre o tema da existência, poderíamos encerrar esta lição falando do angustiado tom que usa Antoine para encerrar este capítulo, e a sua tristeza apelando aos leitores que  dêem a devida atenção ao seu livro e sua narrativa, e apelando para que acreditem em sua história e tenhamos a mentalidade inocente das crianças e não dos adultos que só crêem em números:

“É preciso não lhes querer mal por isso. As crianças devem ser muito indulgentes com as pessoas grandes. Mas nós, nós que compreendemos a vida, nós não ligamos aos números! Gostaria de ter começado esta história à moda dos contos de fada. Teria gostado de dizer: "Era uma vez um pequeno príncipe que habitava um planeta pouco maior que ele, e que tinha necessidade de um amigo..." Para aqueles que compreendem a vida, isto pareceria sem dúvida muito mais verdadeiro. “

Como explicar o apelo triste de Antoine neste trecho acima, sem trazermos de novo à baila a questão da real existência do pequeno príncipe? É tentado dizermos que é uma obra de ficção infantil, uma fábula apenas, e os indícios da biografia de Antoine também endossam este ponto de vista e dos quais poderíamos falar em uma futura postagem….

Mas lendo e relendo esta obra não posso deixar de me perguntar se de fato, literalmente, se ele não teve uma experiência mais concreta com o pequeno príncipe? Será que ele existiu? Nem é preciso dizer que para um artista, escritor ou poeta, seus personagens são muito, muito reais e existem de fato! E  o mesmo vale para os seus leitores e os admiradores daquele artista. Vá dizer para um genial pintor que as imagens que ele traz para a terra não passam de ilusão? Diria ao escultor que sua obra é um nada, apenas um pedaço de pedra ? Experimente dizer para um fã de mangás ou de animes que seus personagens tão amados ou idolatrado não existem e portanto não merecem a devida importância...

O mundo da verdadeira arte é um mundo subjetivo e não objetivo. É antes  um mundo de significados interiores e não de formas  materiais! Vale dizer então, por outras palavras, é um mundo que funciona na dinâmica do sentimentos: aquilo existe, é real, se emociona, comove, inspira, enleva e enaltece… Arte…

E cabe acrescentar algo aqui: o olhar do verdadeiro artista é o mesmo olhar das crianças, um olhar repleto de DESLUMBRAMENTO... O Artista, como a criança, olha o mundo com encanto sempre renovado, observa um mundo como um lugar cheia de novidades e beleza oculta para retratar, é um parque de diversões que sempre esconde algo novo, uma nova luz para pintar, uma nova forma para esculpir, uma nova curva para desenhar, ou uma nova história para contar...

O olhar do artista é vivo, como das crianças, que enxergam em tudo uma brincadeira em potencial cheio de novidades incessantes,  tal como os artistas enxergam sempre uma arte em potencial… Como anda este seu olhar? O que faz seus olhos brilharem?  O mundo ainda consegue lhe encantar? Consegue focar sua luz na beleza invés da feiúra do mundo? As paisagens ainda lhe deslumbram? Existe algum lugar que só de ver você se alegra, ou que só de estar ali você se sente com vontade de correr, se divertir e saltar?

Mas, poesia à parte, o que quero discutir agora é o possível existência real mesmo -física- do pequeno príncipe... O tom que Antoine usa aqui é quase de um desabafo, e o jeito triste, quase deprimido, com que termina o capítulo. Tendo em vista a ode que este escritor sempre fez da honestidade e dos sentimentos, não consigo admitir que ele usou destas frases apenas como um recurso lírico para emocionar o leitor. Não, parece mesmo que ele quer nos dizer algo sobre a existência, verdadeira e real, do pequeno príncipe, como no trecho abaixo:

“Porque eu não gosto que leiam meu livro levianamente. Dá-me tanta tristeza narrar essas lembranças! Faz já seis anos que meu amigo se foi com seu carneiro. Se tento descrevê-lo aqui, é justamente porque não o quero esquecer. É triste esquecer um amigo. Nem todo o mundo tem amigos. E eu corro o risco de ficar como as pessoas grandes, que só se interessam por números. Foi por causa disso que comprei uma caixa de tintas e alguns lápis também…” e termina dizendo..” Julgava-me talvez semelhante a ele. Mas, infelizmente, não sei ver carneiro através de caixa. Sou um pouco como as pessoas grandes. Acho que envelheci. “

Neste trecho então, Antoine retoma brevemente o tema do primeiro capítulo e do qual falamos bastante em nossas primeiras lições, ao enfatizar como a perda da imaginação infantil conduz a uma vida adulta infeliz. Merece destaque entretanto no destaque que ele deu a expressão artística de que falamos acima, quando menciona que comprou material para desenhar o príncipe e assim não mais esquecê-lo. O mundo seria um lugar muito mais belo se nós escutássemos nossos impulsos de expressão artística e não  reprimíssemos tanto no nosso lado lúdico e infantil como fomos ensinados a fazer, lado esse que se pudesse, encheria o mundo de rabiscos e cores! Certa feita perguntaram a um Mestre o que deveria ser feito quando estivéssemos nos sentindo apáticos ou tendo um dia ruim e ele respondeu: “faça qualquer coisa que seja criativa. Não existe nada melhor para afastar o desânimo  e a tristeza do que ativar, qualquer que seja o meio de expressão, o seu gênio criativo adormecido…”

E foi isso que Antoine fez, para nosso deleite. Tendo sido o principezinho real ou não, seja ele, uma figura que surgiu espontaneamente de dentro da sua alma como, talvez indicariam alguns trechos de sua biografia, ou tenha sido ele um Ser real que Antoine encontrou em sua experiência verídica de quando caiu no deserto; o fato é que pela graça de Antoine escutar seu lado artístico e de corajosamente arriscar desenhar e escrever pra gente esta história, o mundo se tornou um lugar mais belo e a literatura ganhou uma jóia inestimável! E assim, nós poderemos responder então ao angustiado espírito de Antoine quando disse no trecho acima ser muito triste esquecer um amigo. Poderíamos acalmá-lo, dizendo que seu pequeno amigo agora não é apenas inesquecível como também imortal: ele estará para sempre em nossos corações...


                                                   --- Fim da Lição 4 ---


 Por Daniel Antoine Jaoude

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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

LIÇÃO 4 - Parte Final




Parte 3: O deslumbre no olhar e a essência da arte

 

Ainda sobre o tema da existência, poderíamos encerrar esta lição falando do angustiado tom que usa Antoine para encerrar este capítulo, e a sua tristeza apelando aos leitores que  dêem a devida atenção ao seu livro e sua narrativa, e apelando para que acreditem em sua história e tenhamos a mentalidade inocente das crianças e não dos adultos que só crêem em números:

“É preciso não lhes querer mal por isso. As crianças devem ser muito indulgentes com as pessoas grandes. Mas nós, nós que compreendemos a vida, nós não ligamos aos números! Gostaria de ter começado esta história à moda dos contos de fada. Teria gostado de dizer: "Era uma vez um pequeno príncipe que habitava um planeta pouco maior que ele, e que tinha necessidade de um amigo..." Para aqueles que compreendem a vida, isto pareceria sem dúvida muito mais verdadeiro. “

 

Como explicar o apelo triste de Antoine neste trecho acima, sem trazermos de novo à baila a questão da real existência do pequeno príncipe? É tentado dizermos que é uma obra de ficção infantil, uma fábula apenas, e os indícios da biografia de Antoine também endossam este ponto de vista e dos quais poderíamos falar em uma futura postagem….

Mas lendo e relendo esta obra não posso deixar de me perguntar se de fato, literalmente, se ele não teve uma experiência mais concreta com o pequeno príncipe? Será que ele existiu? Nem é preciso dizer que para um artista, escritor ou poeta, seus personagens são muito, muito reais e existem de fato! E  o mesmo vale para os seus leitores e os admiradores daquele artista. Vá dizer para um genial pintor que as imagens que ele traz para a terra não passam de ilusão? Diria ao escultor que sua obra é um nada, apenas um pedaço de pedra ? Experimente dizer para um fã de mangás ou de animes que seus personagens tão amados ou idolatrado não existem e portanto não merecem a devida importância...

 

O mundo da verdadeira arte é um mundo subjetivo e não objetivo. É antes  um mundo de significados interiores e não de formas  materiais! Vale dizer então, por outras palavras, é um mundo que funciona na dinâmica do sentimentos: aquilo existe, é real, se emociona, comove, inspira, enleva e enaltece… Arte…

 

E cabe acrescentar algo aqui: o olhar do verdadeiro artista é o mesmo olhar das crianças, um olhar repleto de DESLUMBRAMENTO... O Artista, como a criança, olha o mundo com encanto sempre renovado, observa um mundo como um lugar cheia de novidades e beleza oculta para retratar, é um parque de diversões que sempre esconde algo novo, uma nova luz para pintar, uma nova forma para esculpir, uma nova curva para desenhar, ou uma nova história para contar...

 

O olhar do artista é vivo, como das crianças, que enxergam em tudo uma brincadeira em potencial cheio de novidades incessantes,  tal como os artistas enxergam sempre uma arte em potencial… Como anda este seu olhar? O que faz seus olhos brilharem?  O mundo ainda consegue lhe encantar? Consegue focar sua luz na beleza invés da feiúra do mundo? As paisagens ainda lhe deslumbram? Existe algum lugar que só de ver você se alegra, ou que só de estar ali você se sente com vontade de correr, se divertir e saltar?

 

Mas, poesia à parte, o que quero discutir agora é o possível existência real mesmo -física- do pequeno príncipe... O tom que Antoine usa aqui é quase de um desabafo, e o jeito triste, quase deprimido, com que termina o capítulo. Tendo em vista a ode que este escritor sempre fez da honestidade e dos sentimentos, não consigo admitir que ele usou destas frases apenas como um recurso lírico para emocionar o leitor. Não, parece mesmo que ele quer nos dizer algo sobre a existência, verdadeira e real, do pequeno príncipe, como no trecho abaixo:

 

“Porque eu não gosto que leiam meu livro levianamente. Dá-me tanta tristeza narrar essas lembranças! Faz já seis anos que meu amigo se foi com seu carneiro. Se tento descrevê-lo aqui, é justamente porque não o quero esquecer. É triste esquecer um amigo. Nem todo o mundo tem amigos. E eu corro o risco de ficar como as pessoas grandes, que só se interessam por números. Foi por causa disso que comprei uma caixa de tintas e alguns lápis também…” e termina dizendo..” Julgava-me talvez semelhante a ele. Mas, infelizmente, não sei ver carneiro através de caixa. Sou um pouco como as pessoas grandes. Acho que envelheci. “

 

Neste trecho então, Antoine retoma brevemente o tema do primeiro capítulo e do qual falamos bastante em nossas primeiras lições, ao enfatizar como a perda da imaginação infantil conduz a uma vida adulta infeliz. Merece destaque entretanto no destaque que ele deu a expressão artística de que falamos acima, quando menciona que comprou material para desenhar o príncipe e assim não mais esquecê-lo. O mundo seria um lugar muito mais belo se nós escutássemos nossos impulsos de expressão artística e não  reprimíssemos tanto no nosso lado lúdico e infantil como fomos ensinados a fazer, lado esse que se pudesse, encheria o mundo de rabiscos e cores! Certa feita perguntaram a um Mestre o que deveria ser feito quando estivéssemos nos sentindo apáticos ou tendo um dia ruim e ele respondeu: “faça qualquer coisa que seja criativa. Não existe nada melhor para afastar o desânimo  e a tristeza do que ativar, qualquer que seja o meio de expressão, o seu gênio criativo adormecido…”

 

E foi isso que Antoine fez, para nosso deleite. Tendo sido o principezinho real ou não, seja ele, uma figura que surgiu espontaneamente de dentro da sua alma como, talvez indicariam alguns trechos de sua biografia ( e dos quais poderemos falar futuramente se os leitores quiserem), ou tenha sido ele um Ser real que Antoine encontrou em sua experiência verídica quando caiu no deserto, o fato é que pela graça de Antoine escutar seu lado artístico e de corajosamente arriscar desenhar e escrever pra gente esta história, o mundo se tornou um lugar mais belo, a literatura ganhou um jóia inesquecível,   e, Podemos responder então ao espírito de Antoine, que disse no trecho acima ser muito triste esquecer um amigo,  e iremos acalmá-lo dizendo, que seu pequeno amigo agora é imortal pois estará para sempre em nossos corações...

Fim da Lição 4 - 


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Por Daniel Antoine Jaoude
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