Do Capítulo 1...
Numa das passagens prediletas dos fãs do livro, logo no comecinho, Antoine nos conta sua célebre experiência com o desenho da Jibóia engolindo o elefante, mas que os adultos teimavam em ver apenas um chapéu:
Numa das passagens prediletas dos fãs do livro, logo no comecinho, Antoine nos conta sua célebre experiência com o desenho da Jibóia engolindo o elefante, mas que os adultos teimavam em ver apenas um chapéu:
"Mostrei minha obra-prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes fazia medo. Responderam-me: "Por que é que um chapéu faria medo?"
Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jibóia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jibóia, a fim de que as pessoas grandes pudessem compreender. ELAS TÊM SEMPRE NECESSIDADES DE EXPLICAÇÕES DETALHADAS ...
Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jibóia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jibóia, a fim de que as pessoas grandes pudessem compreender. ELAS TÊM SEMPRE NECESSIDADES DE EXPLICAÇÕES DETALHADAS ...
Neste trecho final, que grifei propositadamente, o autor nos faz refletir na excessiva importância que nós, adultos, dedicamos a nossa mente racional, que presa apenas as aparências superficiais, não consegue sair de seus limites para ver com os olhos mágicos da imaginação.
Ao invés de enxergarmos o mundo com um olhar de fantasia, capaz de enxergar o interior das coisas (o significado), nós no apegamos a uma visão causal da realidade, que ao não encontrar uma explicação plausível para as coisas do mundo, procura ridicularizá-las ou lhes negar a devida importância....
Nossa criança interior termina sempre diminuída quando assim "enquadrada" pelos adultos.
Com o autor não foi diferente, pois ele narra em seguida que:
Com o autor não foi diferente, pois ele narra em seguida que:
""As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática.
Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor. Eu fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando...""
Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor. Eu fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando...""
As consequência de longo prazo desta nossa alienação interior é que nos tornamos adultos frívolos, materialistas e de relações estéreis e sem profundidade. Ao fechar a mente à imaginação, deixamos de lado a nossa sensibilidade e a nossa delicadeza, aquilo a que Saint-Exuspéry, com muito acerto , chama de nossa verdadeira inteligência no trecho abaixo, quando com uma fina ironia ele nos conta como fazia para discernir as pessoas com quem convivia:
"Tive assim, no correr da vida, muitos contatos com muita gente séria. Vivi muito no meio das pessoas grandes. Vi-as muito de perto. Isso não melhorou, de modo algum, a minha antiga opinião.
Quando encontrava uma que me parecia um pouco lúcida, fazia com ela a experiência do meu desenho número 1, que sempre conservei comigo. Eu queria saber se ela era verdadeiramente inteligente. Mas respondia sempre: "É um chapéu".
Então eu não lhe falava nem de jibóias, nem de florestas virgens, nem de estrelas. Punha-me então, no mesmo nível que elas. Falava-lhe então de bridge, de golfe, de política, de gravatas... E a pessoa grande ficava assim encantada de conhecer um homem tão "razoável"....""
Quando encontrava uma que me parecia um pouco lúcida, fazia com ela a experiência do meu desenho número 1, que sempre conservei comigo. Eu queria saber se ela era verdadeiramente inteligente. Mas respondia sempre: "É um chapéu".
Então eu não lhe falava nem de jibóias, nem de florestas virgens, nem de estrelas. Punha-me então, no mesmo nível que elas. Falava-lhe então de bridge, de golfe, de política, de gravatas... E a pessoa grande ficava assim encantada de conhecer um homem tão "razoável"....""
Como não podia debater com estas pessoas os assuntos caros à sua alma, falar de sentimentos, fantasias e imaginação, restava-lhe apenas se contentar em conversar com ela sobre assuntos mundanos e artificiais, temas estes que eram tão preciosos aos pseudo-sábios adultos, e assim o são até hoje...
Preferimos conversar sobre a aparência das coisas (o chapéu), a tentar mergulhar no tão esquecido, e por isso desafiador, mundo repleto de sentidos ou significados ( o elefante e a jibóia)....
>> Fim da Lição 1 - Fique atento às publicações da nossa página. Em breve comentários do segundo capítulo, o primeiro encontro com o princepezinho:)
(Postagem original na nossa página : https://www.facebook.com/Ensinamentos.do.Pequeno.Principe/?fref=ts)
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~Por Daniel Antoine Abou Jaoudé~